São vinte e três horas e vinte e dois minutos.
Não chove.
O cão parou de comer grama
(dor de barriga, dizem),
está mais magro
mais preto que os olhos fundos
de onde solta uma lágrima
– gota-alimento da relva que devora –
fina, crua e límpida. Cristal líquido.
Não sabe que doer barriga é menos
que ter a goela dos dedos travada.
São vinte e três horas e trinta e três minutos.
Hora do antibiótico, da ração e da assinatura.
S. H. Brincher