Muita gente me pergunta sobre os livros de que mais gostei ao longo da vida. Pergunta difícil. Há os que li e reli algumas vezes, que cultuo em segredo, mas que eu não indicaria a muita gente. Há os que eu nem curto tanto, mas que considero leitura obrigatória. Há também os que me proporcionaram boas horas de distração e deleite. A lista abaixo é um pouco desses todos. Já sabemos que muitos vão ser esquecidos, mas o importante é saber os que NÃO seriam esquecidos.
livro [autor] país (obs.):
- A Máquina Lírica [Herbelto Helder] Portugal (Li no começo da graduação e me impressionou demais. Foi meu contato mais visceral com poesia até hoje)
- Avalovara [Osman Lins] Brasil (Na adolescência, eu lia basicamente só Nietzsche, mesmo sem entender muito, e ocultismo; acabei chegando ao Avalovara por conta da forma como foi organizado o romance, baseado num anagrama bem conhecido dos ocultistas)
- Crime e Castigo [Dostoiévski] Rússia (Não vou explicar. Leia imediatamente)
- Enquanto Agonizo [William Faulkner] EUA (Primeira cena: O filho marceneiro constrói o caixão da mãe moribunda que, de sua cama, observa o trabalho; tenso…)
- Judas, o obscuro [Thomas Hardy] Inglaterra (Poucas histórias de personagens são mais deprimentes que a de Judas; a antítese perfeita do “querer é poder”; o 1ª capítulo, entretanto, é muito divertido)
- Lavoura Arcaica [Raduan Nassar] Brasil (Violenta e sensual, essa é a linguagem do Nassar; livrinho pequeno, mas avassalador)
- Minha mãe morrendo e o menino mentido [Valêncio Xavier] Brasil (romance, poesia, fotonovela, diário, crônica… um livro fisicamente lindo – o da Cia das Letras – e com uma construção única)
- O Menino de Areia [Tahar Ben-Jelloun] Marrocos (“Ele se chamará Ahmed, mesmo que seja uma menina”. Começa assim a história de uma mulher que é criada como homem no seio de uma sociedade muçulmana a fim de que o pai, que nunca teve filhos homens, não deixe a herança de sua família aos irmãos)
- O vendedor de passados [José Eduardo Agualusa] Angola (O narrador é uma lagartixa e o protagonista é um angolano albino; digo mais?)
- O Vermelho e o Negro [Sthendal] França (Não vou explicar. Leia imediatamente)
- As laranjas iguais [Oswaldo França Júnior] Brasil (Primeiro e melhor livro de mini-contos que li)
- Quo-Vadis [Henryk Sienkiewicz] Polônia (Primeiro romance que li na vida; trata de uma história de amor em meio à perseguição dos cristãos romanos; este livro consolidou aquela lenda de que Nero pôs fogo em Roma para se inspirar nas composições)
- Terra Sonâmbula [Mia Couto] Moçambique (Meu segundo contato com literaturas africanas em Português antes da universidade)
- Veinte poemas de amor y uma canción desesperada [Pablo Neruda] Chile (Porque cada vez que eu lia isso pensava: cara… ele deve ter apavorado a mulherada).
- Vidas Secas [Graciliano Ramos] Brasil (Por causa da Baleia, né? Dããã)
2 replies on “15 livros indispensáveis ou 15 dicas sem compromisso”
Lavoura Arcaica eu tô lendo por agora, acredita? Envergonhada por não ter conhecido Raduan Nassar antes.
Depois já emenda “Um copo de cólera”. É muito pequeno, mas é uma baita voadora.