A historinha de hoje é sobre um rapaz que queria, mas não podia.
Aproveitando a mega promoção de fim de ano da Cosac Naify, o cidadão faz aquela lista dos sonhos, só pra sentir como é ter um ZoeiraCard [sem limites]. Depois de selecionar só os “essenciais” e os “imperdíveis”, adiciona o CEP [só pra saber quanto ficaria tudo com o frete]. Olha para a cifra astronômica, para a lista mais maravilhosa da Terra [faltou só “O vermelho e o negro” (Stendhal), fora da promoção] e para o saldo bancário. Reflete um pouco sobre sociedade de consumo, ostentação bibliófila e vida simples, dá um suspiro, clica em cancelar e diz [com convicção duvidosa]:
– Eu nem precisava deles mesmo.
Uma lágrima, furtiva e densa, escorre em seu rosto enquanto se dirige à estante cheia de livros ainda não lidos. É um vencedor, embora não acredite.